Haja Cruz


Nos braços de um fértil vale, borboletas assistem ao desabrochar da primavera. Perto delas, coelhos saltitam alegres no gramado, onde bem-te-vis cantam e goiabas nutrem os filhos dos camponeses. A vida é tranquila naquele sítio... e o único mostrador de horas é a luz que chega do Sol.



            Mais um ano se esvai; outro dá boas-vindas! Junto dele, sementes de trigo aguardam a hora da semeadura.

            – Deus, abençoe este trigo que irá nascer. Que ele seja suficiente para nos alimentar e nos regar de saúde! – pede o cabeça da família, ano após ano.

*          *          *          *          *

            Algum tempo passou, até que este homem juntou-se ao trigo que descansa na terra. Sua herança foi disputada durante meses por seus filhos. Enfim, decidiram transformar o sítio numa grande lavoura de trigo e repartir os lucros.



            – Deus, abençoe este trigo que irá nascer. Que ele seja suficiente para nos enriquecer e nos encher de regalias! – pediu o novo cabeça da família, com o apoio do restante.

            Então, onde havia borboletas, coelhos e bem-te-vis, restaram apenas algumas galinhas, cujos ovos alimentariam os trabalhadores da seara.

*          *          *          *          *

            Finalmente, o dia da colheita chegou. Máquinas preparadas, homens a postos...

            – Um último cigarro, antes do sucesso! – gritou o chefe de todos, batendo orgulhosamente no peito.

Após alguns tragos, atirou o pitoco num canto. Não percebeu que nesse canto havia palha e que uma só fagulha pôs fogo nela. O fogo se espalhou com o vento, até alcançar o trigo que seria colhido. O alvoroço começou... Sem o preparo devido, por mais que os empregados tentassem, não conseguiram evitar a destruição da lavoura. E, depois de um tempo, para salvarem suas vidas, fugiram às pressas da terra que um dia foi um recanto de pétalas.



            Após algumas horas, os bombeiros chegaram e controlaram as chamas. No meio das cinzas, cheiro de perdas e morte.

            – Vejam isso! – exclamou um dos socorristas, atraindo a atenção dos outros.

            Em cima de um ninho, uma galinha jazia morta, completamente queimada. Parecia nem ter se esforçado para sair dali. Seu semblante era de paz.

            Com cuidado, aquele socorrista retirou a ave do ninho, a fim de recolher os ovos que ela protegera até o fim. Em vez deles, doze pintinhos contemplaram de novo a luz do Sol, agradecidos pelo sacrifício de quem deu a vida para salvar a deles!



*          *          *          *          *

O nosso planeta – presente de Deus para nós – nasceu para ser um manancial de beleza e de sustento. Mas as nossas ambições, vaidades e ganâncias vêm colocando em xeque a nossa própria sobrevivência. Temos destruído as florestas que nos oxigenam, poluído o ar que respiramos, extinguido os animais que nos cercam. Pior ainda, temos cultivado inimizades, machucado o próximo, sido indiferentes ao que sofre. Cada um pensa demais em si mesmo ou, no máximo, nos seus familiares e amigos. O amor está se esfriando da Terra...

Por conta dos nossos pecados e iniquidades, a nossa relação com Deus foi incendiada. Morte e medo passaram a conviver conosco. O que fazer, afinal? Como sobrevivermos a algo tão maior que nós?

A Palavra de Deus nos aconselha a imitarmos os pintinhos. Tão frágeis e indefesos, entregam-se inteiramente ao zelo da mãe. É a única forma de serem protegidos do mal.



Assim como eles, temos Alguém que Se importa conosco. Muito antes de sermos criados, antes mesmo que houvesse luz, já houvera uma cruz! Segundo a Palavra de Deus, Cristo morreu pelos nossos pecados ainda na eternidadeO que aconteceu no Calvário foi apenas a concretização histórica do que para o Senhor já era real. Daí compreendemos que a morte de Jesus não foi uma costura de Deus para corrigir um plano que não deu certo, mas a expressão maior do Seu amor por nós! Pois, mesmo sabendo que os nossos pecados O afrontariam, Ele nos amou e nos providenciou um Resgatador!

Este Jesus sacrificou a Sua própria vida para salvar as nossas! Qual o papel nos cabe nessa obra?

Nós, pintinhos, só podemos nos abrigar sob as Suas asas e confiar nos Seus cuidados...




Nós, filhinhos, só podemos Lhe agradecer eternamente!





Pablo Bernardes
             (18/04/2013)


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