sexta-feira, 29 de março de 2013

Páscoa - A Ponte da Vida

Em uma ilha distante, várias pessoas cantam. Nascidas ali, parecem felizes com a vida que levam. Dia após dia, lutam para se satisfazerem e para construírem um futuro confortável.

Ligando aquela pequena terra do mar ao continente, apenas um caminho há: uma estreita ponte1. Sempre esteve lá... Antes mesmo de a ilha existir2.




– Qualquer um pode fazer essa travessia3... – explica o construtor da ponte. – Mas não se esqueçam de que a viagem não tem volta. Depois de conhecerem as maravilhas do continente, nunca mais quererão a vida que tinham na ilha4.

– Duvido muito... – disse alguém certa vez. – Levo uma vida de rei aqui – complementou, olhando para o arquipélago no qual ainda mora.

Tal como este habitante da ilha, muitas outras pessoas já foram convidadas para o outro lado.

– Loucura! – exclamam algumas5.
– Não, obrigado... – escarnecem outras6.

Algumas, porém, fizeram a travessia. O que as motivou? Algo bem maior que elas mesmas: uma Luz prometida por Deus durante séculos: Jesus7. Quem O conhece profundamente e desfruta do Seu amor, mesmo que a ponte ainda esteja lá, nunca mais deseja voltar8.

*          *          *          *          *

A Bíblia nos conta nos seus primeiros livros a história de Israel. Diz ela que, para libertar esse povo de uma escravidão que durava 400 anos, Deus enviou um libertador ao Egito9. Seu nome era Moisés.

Esse servo do Senhor ordenou a Faraó, em nome de Deus, que deixasse os israelitas irem10. Às nove negativas do chefe supremo, diz a Bíblia que Deus enviou 9 pragas sobre a nação egípcia11. Mesmo assim, o coração de Faraó persistiu endurecido12. Por causa disso, a última praga foi anunciada: morte de todos os filhos primogênitos13. Para se livrarem desta, cada família teria que separar um cordeiro sem defeito, sacrificá-lo e aplicar o sangue do animal nas vergas e ombreiras das portas das suas casas, a fim de que o Senhor, ao passar por cima delas, não ferisse o filho mais velho14. Os israelitas obedeceram e foram poupados15. Na casa dos egípcios, houve morte e lágrimas16. Essa é a origem da Páscoa, que significa “passar sobre17.




Em decorrência dessa desolação, o povo de Israel foi libertado da escravidão, conforme prometido por Deus, e levado a uma nova vida de liberdade na Terra Prometida18.

*          *          *          *          *

A Escritura compara a história de Israel com a nossa. Separados de Deus pelos nossos pecados, vivíamos numa espécie de escravidão: distantes da provisão e direção do Senhor19. Pior ainda, nossas iniquidades, segundo a Bíblia, nos condenaram à morte20.

Mas Deus nos providenciou um cordeiro sem defeito, para que, através do sangue Dele, fôssemos poupados21. Esse cordeiro – chamado Pascoal – é o Seu primogênito (e unigênito) Jesus22.



Através da fé no sacrifício de Cristo, somos considerados inocentes23... Ele pagou o nosso preço24! Através da fé no que Jesus fez por nós, somos libertados de uma vida de vaidades, futilidades, egoísmos, mentiras, iniquidades... e recebemos de graça uma vida de genuína alegria, paz, pureza, amor25...

Jesus Cristo é a única ponte que nos liga a Deus26. Ele é a Verdade, e a Vida, e o Caminho27... Quem verdadeiramente faz essa travessia, essa passagem, nunca mais volta à vida de antes, porque viver em Cristo é incomparavelmente melhor28!

Feliz Páscoa!


                                     Pablo Bernardes


Referências bíblicas que embasam o texto:

1) 1 Timóteo 2.5; Hebreus 8.6
2) Apocalipse 13.8; Tito 1.2
3) João 3.16; 5.24
4) João 6.37 e 10.27-28
5) 1 Coríntios 1.18 e 21
6) João 12.48; Salmo 118.22-23
7) João 1
8) 2 Coríntios 5.15 e 17
9) Êxodo 3.10
10) Êxodo 7.14-25; Êxodo 8 a 10
11) Êxodo 7.14-25; Êxodo 8 a 10
12) Êxodo 7.22, 8.19 e 32; 9.12 e 35; 10.20; Romano 9.17-18
13) Êxodo 12.12
14) Êxodo 12.21-23
15) Êxodo 12.28
16) Êxodo 12.29-30; Salmos 78.51 e 136.10
17) Êxodo 12.27
18) Êxodo 12.51; Salmos 105.43-45 e 136.11
19) João 8.34-36
20) Romanos 3.23; 6.6-8
21) João 1.29; 1 Pedro 1.17-21
22) 1 Coríntios 5.7
23) Romanos 3.21-28; 2 Coríntios 5.18-19
24) 1 Coríntios 6.20 e 7.23
25) Efésios 2.8-10; Apocalipse 1.5-6
26) Efésios 2.14-18; Romanos 5.10
27) João 14.6
28) Romanos 6.4-7

segunda-feira, 25 de março de 2013

As Catacumbas do Amor

No íntimo da terra sobre a qual estão erguidos os palácios, templos, colunas e teatros de Roma, algumas pinturas feitas à mão paralisam olhares. São desenhos simples, maltratados pelos séculos... mas que resgatam, com sabedoria, valores que hoje pouco se vê: a compaixão de um pastor, que carrega sua ovelhinha nos ombros; a dependência da provisão de Deus, expressa através de pães e peixes; a humildade de um senhor, que não se cansa de falar com Deus...





Ali, naquelas catacumbas, centenas de anos atrás eram enterrados os moradores de Roma. Algum tempo depois, cristãos, impedidos de professarem o seu credo, escondiam-se nelas para não serem torturados e mortos. Nas paredes dos seus abrigos subterrâneos, restou o testemunho de uma viva fé!



Como esses cristãos podiam, em meio a tantas perseguições, sustentar uma crença até o fim? Por que não levavam uma vida normal, como os outros habitantes de Roma? Por que preferiam perder suas vidas a negar o Seu Deus?

A Bíblia responde, apresentando um caminho diferente de todos os outros1. Um caminho cujo início é o amor e cujo fim (finalidade) também2! Para compreendermos esse caminho, é preciso tirarmos os olhos das suntuosidades dos palácios, da opulência dos templos, da imponência das colunas, do esplendor dos teatros3... e mergulharmos na singeleza das pinturas do Evangelho4.


1ª Pintura: O Sorriso.

No canto da tela, duas sílabas: “ha”, “ja”5. E houve uma belíssima criação6! Parte dela colore o restante da pintura: uma obra de arte do artífice soberano Deus! Planetas mostram a Sua grandeza7! Na Terra – canto oposto da tela –, rios8, montanhas9, plantas10 e animais11 convivem em paz. O horizonte é lindo! E, debaixo de uma das árvores, o apogeu da criação: homem e mulher12! Ele dá a ela uma rosa. Ela sorri...


2ª Pintura: Cabisbaixos.

No centro da tela, a sombra daquele casal. Agora estão escondidos, envergonhados, tristes, cabisbaixos, com medo13... Sentiram na pele o que o orgulho e a desobediência fizeram14... A cena é sombria... O Sol se pôs mais cedo... No chão da pintura, uma ovelhinha sem pele mostra o que o pecado trouxe: a morte15! O homem está separado de Deus16.


3ª Pintura: Sinais.

Uma arca17, um cordeiro18, objetos de um tabernáculo19... Uma serpente de bronze20, sangue em vergas de portas21, pão caindo do céu22... Um profeta com papiros nas mãos23, um pastor de ovelhas cantando24... um homem no ventre de um peixe25... Tantos sinais... Todos apontando para o centro da tela, onde existe uma luz26!


4ª Pintura: Farol.

Dentro de um abrigo de animais, nos braços de uma mãe feliz, envolto em panos, a mesma luz da outra tela27. Esta luz é forte, muito forte! Brilha mais que as estrelas pintadas naquele céu. De fora do abrigo, algumas personagens olham para a luz: um cego, que agora vê28... um paralítico, que agora está em pé29... uma criança, sorrindo30... uma prostituta, ajoelhada31... um ladrão, com marcas de crucificação32...


5ª Pintura: Silêncio.

            Na tela, discretos raios de sol, ao longe, dizem que ainda é dia. Mas um escuro melancólico33 divide espaço com uma cruz34. Nela, um homem ferido expressa vários semblantes no rosto. Sua testa enrugada mostra sinal de dor, muita dor35! Seus lábios ressecados, de esgotamento36! Nos seus olhos, porém, uma ternura escandalosa fita o chão. Talvez olhando com misericórdia para quem O desprezava37... Talvez olhando com compaixão para quem O condenava38... Decerto olhando com amor para quem Lhe assistia39!


6ª Pintura: Lençóis.

As pedras de uma caverna compõem as paredes desta tela40. No canto inferior da pintura, alguns lençóis... Quem os observa atentamente, percebe que abrigavam a morte. Quem os observa mais um pouco, compreende que ali houve um milagre41!


7ª Pintura: Eu.

A última pintura é um espelho. Nada mais. Posto-me na frente dela, e me vejo como sou. Afinal, o que aquela tela quer me ensinar? Não consigo entender... Meu primeiro impulso, então, é sorrir... Sim, rio de mim mesmo, das várias caretas que faço, das rugas que o tempo já me trás, das vitórias que alcancei, das medalhas que ganhei, dos prêmios que conquistei... Sorrio...

Em seguida, movo meus pensamentos para as outras telas e recordo o caminho que Deus traçou na história da Humanidade por amá-La tanto! Contemplo Cristo ressurgindo, como anunciado... Medito na Sua morte terrível, como foi prevista... Levo-me aos Seus ensinamentos, milagres, àquela estrebaria... E aos tantos símbolos do Salvador deixados por Deus através dos tempos... Lembro-me dos meus pecados42... Quantos pecados! Acho-me cabisbaixo...




Volto meus olhos ao espelho e, esquecendo os méritos que celebrei há pouco, relembro quantos sinais foram postados no meu caminho por Deus para me alcançar. Ele me protegeu de acidentes, de maldades alheias, de armadilhas que eu mesmo, sem querer, preparei para mim... Revelou-me a Sua Palavra43, o Seu carinho, a Sua fidelidade... Quanta paciência comigo... Sinais...

Nessa hora, as luzes do local onde estou se apagam. Uma única permanece acesa: a luz que está acima de mim. Ela ilumina o espelho para que eu continue a ver o caminho... É o meu farol na escuridão...

Fico em silêncio...

Após algum tempo, ainda me contemplando pelo espelho, começo a chorar... Percebo a pequenez deste eu, e a grandiosidade do projeto de amor de Deus por mim! Ajoelho-me... Com palavras sinceras, peço perdão ao Senhor pelas minhas iniquidades... Depois agradeço a Ele pelo Seu amor, pela Sua graça! Dentro do meu peito, pulsa agora um coração leve e lavado... completamente alvo44... como lençóis...

Eis o Evangelho!


Por causa dessa Verdade histórica, muitos cristãos foram apedrejados, torturados, enforcados, queimados vivos, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada, entregues às feras, dilacerados45.

Homens dos quais o mundo não era digno... – diz a Palavra de Deus46.

O testemunho deixado por eles é para nós um lindo exemplo de intimidade com o Pai47, de desapego às ambições deste mundo48, de fé na promessa de um Lar celeste49 e, principalmente, de amor incondicional por Aquele que nos amou primeiro50!

Tão profundo é o Seu amor... que até as catacumbas da Terra fizeram questão de pintá-lo!



                                     Pablo Bernardes




Referências bíblicas que embasam o texto:

1) Romanos 1.16; João 14.6
2) 1 João 4.10; João 3.16
3) Mateus 6.24
4) Romanos 1.17
5) Gênesis 1.3, 6 e 14; Salmo 33.6
6) Jeremias 32.17; Gênesis 1.31
7) Salmos 19.1; 8.1-4
8) Gênesis 1.9-10; 2.10
9) Gênesis 1.9-10
10) Gênesis 1.11-13
11) Gênesis 1.20-25
12) Gênesis 1.26-27; 2.7, 21 e 22
13) Gênesis 3.1-13; Salmo 51.8
14) Romanos 5.19; 1 João 2.16
15) Gênesis 3.21; Romanos 6.23
16) Isaías 59.2
17) Gênesis 6.14-22
18) Gênesis 22.1-13
19) Êxodo 35 a 38
20) Números 21.4-9
21) Êxodo 12.21-27
22) Êxodo 16
23) Jeremias 30.2
24) 1 Samuel 16.23; Salmos de Davi
25) Jonas 1.17; Mateus 12.38-40
26) João 1.1-14; 8.12; 9.5; 12.46
27) Lucas 2.6-7
28) Lucas 7.21; Mateus 9.27-31; João 9.1-7
29) Mateus 9.1-7; João 5.1-9
30) Lucas 18.15-16
31) Mateus 21.31
32) Lucas 23.39-43
33) Lucas 23.44
34) Mateus 27.26; Filipenses 2.5-8
35) Mateus 27.26 a 30; Marcos 15.34
36) João 19.28
37) Lucas 23.35; Mateus 27.22-23 e 39-44
38) Lucas 23.34
39) João 15.9; Jeremias 31.3; Romanos 8.35-39
40) João 19.40-42
41) Lucas 24.1-6; 1 Coríntios 6.14
42) Salmo 51.3
43) João 6.68; Salmo 119.105
44) Salmo 51.2 e 7
45) 2 Timóteo 3.12; Hebreus 11.35-37
46) Hebreus 11.38
47) Salmo 25.14
48) 1 João 2.15; Tiago 4.4; Mateus 6.19-21
49) 2 Timóteo 4.18; João 14.1-3
50) 1 João 4.10 e 19